Texto critico da exposição” O centro nada retém”

Com um percurso ligado à pesquisa sobre arte urbana, com destaque para seu projeto “Ectoplasma”, a artista francesa Raphaelle Faure-Vincent propõe em seus recentes desenhos, serigrafias, fotos e gravuras um olhar que desconstrói o urbano, que nos revela o quanto ele é, simultaneamente, dobrado por forças do fora e tencionado por elementos do dentro. Essa tensão entre o dentro e o fora também está presente na atual exposição, intitulada “O centro nada retém”, marcada sobretudo por gravuras em metal.

O que nos atrai no amassado, amarrotado, embrulhado e desarrumado das gravuras de Raphaelle é esse jogo constante entre a leveza da luz e a espessura da matéria. Isso é notável nos trabalhos Octácoro e Variações, por exemplo, onde a luz brota do retorcido do papel por sua profundidade entreaberta. Mesmo quando imaginamos estar diante de uma foto aérea de uma cidade noturna, como em Variações e Expansões, é o amarrotado dos territórios deixando escapar as dobras de luz, o imaterial do peso material. O volume dos trabalhos vive essa espécie de indecisão entre o amassado do papel, o contorcido da matéria e o esgarçamento da luz, o desdobrar dessa interioridade. Não sabemos se foi a matéria que se amassou ou a intensidade da luz que a contorceu.

No fundo, trata-se do dilema mesmo da paisagem urbana que nos rodeia: construções, ruas, fiações, lixos, enfim, pilhas de concreto, vidro e aço empilhados e amassados pelas forças e interesses econômicos, mas tencionados pelas forças da vida, essa força luminosa de um dentro que se desdobra no esforço em permanecer na existência.

Rogério da Costa

EXPOSIÇÃO – O CENTRO NADA RETÉM

 

ABERTURA sexta 22/06 as 19H

O centro nada retém

A exposição propõe um diálogo constante entre a gravura e obras em volume.
O intuito da artista Raphaelle Faure-Vincent é criar formas a partir das próprias características dos materiais e dos processos utilizados. A Gravura é desviada, o papel amassado, passando assim da dimensão plana para o espaço tridimensional. As dobras se transformam em luz, o papel é dobrado desdobrado , contrai-se e se expandi. As obras são únicas e conversam entre si. A criação de cada obra decorreu da produção de todas as outras .

Rua Fradique Coutinho, 1216 cep: 05416.003 Pinheiros
funcionamento:
segunda a sexta: das 13h as 20 h
sabados : das 13 as 17 h
– gratuito
loja.casagaleria.com.br
tel.: (11) 3841-9620

Palestra Pálido pontinho azul: uma humilde reflexão sobre nosso papel no planeta Terra

Palestra na Casagaleria que acontece dia 08/06 às 19h com Patricia Campana
Além do desenvolvimento tecnológico, a ciência nos propicia uma nova
forma de reflexão na qual o pensamento crítico é o centro, e através
desta racionalização a ciência fornece respostas e, por extensão,
esperança ao ser humano.
Na viagem através do tempo e do espaço proposta nos episódios da série
Cosmos, de Carl Sagan, em especial em “Pálido pontinho azul”, a Terra,
vista a uma distância muito grande é apenas um ponto de luz
azul-claro, dando-nos a percepção de que, numa escala universal,
nossos conflitos são irrelevantes: uma lição de humildade.
Nossa reflexão recai sobre a necessidade do ego coletivo do ser humano
sofrer um grande rebaixamento para que nossa perspectiva se torne mais
humilde e em conformidade com os fatos de que estamos destruindo nosso Lar.

¿Vamos a la playa?

A Terra é hoje um paciente em observação: suas artérias estão entupidas pela poluição, o equilíbrio de seu sangue foi afetado pelas mudanças climáticas. O acúmulo de CO2 (dióxido decarbono) na atmosfera, aumentado pela nossa avidez por consumo, é mais um dos inúmeros maus-tratos a que submetemos a quemchamamos ironicamente de “Mãe” Natureza. Impactando diretamente   o oceano, o CO2 aumenta a acidez da água e, dessa forma, ameaça a existência de corais, conchas e de todo e qualquer outro animal que tenha um esqueleto de carbono de cálcio. (Helton Escobar/ Jornal O Estado de São Paulo).

Quase ninguém vê o que acontece debaixo d’água. Visto da praia, o mar o parece uma grande poça d’água, de certo modo, estática. Mas, na realidade o oceano é tão dinâmico, diverso e rico em vida quanto uma grande floresta… E também equivalente a uma grande floresta é a destruição dos mares e dos oceanos que a espécie humana está promovendo. Os impactos da ação humana são imensos: segundo a oceanógrafa Sylvia Earle, cerca da metade dos recifes de coral da Terra já desapareceu. Ainda, aproximadamente 90% dos grandes peixes marinhos, animais esplendorosos como o atum-azul, o espadarte e várias espécies de tubarões, já foram extirpados do oceano pela pesca predatória. Na 32º Bienal de São Paulo, Incerteza Viva, realizada em 2016, o curador Jochen Voltz já denunciava os modos pelos quais entendemos o mundo hoje: a degradação ambiental e o aquecimento global.

A pesquisa foi realizada a partir do pensamento cosmológico, a inteligência ambiental, coletiva e a ecologia sistêmica e natural.

Paulo em seu discurso político, ativista e com inconformismo, buscou retratar através do dispositivo fotográfico a dissonância a qual nos encontramos. A arte se vale da incapacidade dos meios existentes para descrever o sistema de que somos parte. Essa estratégia estética é capaz de promover uma ação política pela ligação que se constrói com a subjetividade de cada indivíduo, possibilitando adesão a um coletivo que atua em determinado contexto social.

A exposição na Casagaleria e Oficina de Arte mostra que o artista assume a fotografia como meio de expressão, resultando numa complexidade de entendimentos, pois em determinado momento as fotos caracterizam uma denúncia e, por outro lado, por sua esmerada produção estética ressaltam o belo. São imagens que trazem como referência a arte conceitual e ativista, como também estruturas de pesquisa ambiental e ecológica.

É necessário considerar que a trajetória do artista – a prática figurativa – sempre esteve presente em suas pinturas. Com o amadurecimento de sua pesquisa e experiências cotidianas, o seu raciocínio pictórico descortinou novas soluções, como a fotografia, para registraros rastros do tempo.

Olhando de longe as imagensfotográficas parece até que os objetos foram postos delicadamente na areia para serem fotografados, mas o próprio mar tentou levá-los ou expulsar da praia a sujeira que o ser humano deixou. Os rastros, no entanto, são impossíveis de apagar – Rastros da ignorância humana.

Roseli Demercian/2018

Patricia Campana/2018

Curso: “A flor da Pele”: Espinosa, emoções e sentimentos


Mestiçagem

EDU SILVA: O ARQUIPÉLAGO MESTIÇO

Muito importante que nestas experimentações pictóricas sobre a mestiçagem Edu Silva tenha abandonado qualquer menção temática ou ideológica: o que importa são as massas cromáticas, grandes ou miúdas, enormemente decorativas, que se aproximam e se encaixam, mostrando as costuras entre contrastes ou pequenos alinhavos e cerziduras mirins, essas moléculas de passagem de uma cor para outra. Valem muito aqui estes pontos ou nós de entrelaçamento, esse gesto do bordado que liga uma coisa à outra. Já estamos agora longe do uso trivial, apressado e modernoso do termo “hibridismo”.

O que interessa é a juntura (não aquilo ou quem está junto) como dobradiça móvel em andamento e expansão, metamorfose inconclusa e infinita das formas e materiais. Trata-se aqui de educar os olhos para ver “isso que enlaça uma pérola com outra”, conforme diziam os músicos e poetas afro-árabes. Jogos de forma e luz que estão nas relações entre cultura e natureza muito antes dos sujeitos.

Portanto, ao abandonar as dualidades de oposição, Edu dá preferência aos mais variados e assimétricos campos de relação e aos processos internos constitutivos das coisas (que sempre se compõem com partículas de muitas outras). Confere assim continuidade ao descontínuo. Conjuntos/formatos matizados, numa gama colorista esplendorosamente lapidada, se intersectam sintaticamente, por meio de cortes e chanfraduras sinuosos e retorcidos, parecendo colhidos de um magma telúrico e tectônico no compasso dos abalos de reacomodação sísmica. Pintura, escultura, arquitetura em dança de cores.

Formas mestiças no fundamento terroso e pedrento das coisas. Daí que as mesclas e suturas deixem sempre à mostra e ao vivo saliências geológicas feitas de calombos e murundus rombudos, com suas roçaduras calosas, que expõem as interações entre as diferenças e os paradoxos entre o grande e o pequeno, o alto e o baixo, a frente e o verso, o direito e o avesso: todas essas tarefas da criação de um panorama de conhecimento lúdico-mestiço e nativo-atual para fora de todas as domesticações da história oficial, “antiga” ou “moderna” (seja de que lado essa domesticação facilitadora vier).Essa é uma festa das alteridades incrustadas. Aquilo que no barroco se diz lista díspar, pela inclusão participante de repertórios desiguais e abandonados, Edu traduz como arquipélago mestiço. Atenção: parece que sempre novos barrancos, ilhas ou recifes vão surgir e recompor a paisagem, os bairros, os corpos e a vida.

Amálio Pinheiro

Amálio Pinheiro: Possui graduação em Direito pela Universidade do Estado da Guanabara(1969), especialização em Literatura Hispano-americana pela Universidad de Chile(1970), mestrado em Literatura pela Universidade Metodista de Piracicaba(1980) e doutorado em Comunicação e Semiótica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo(1985). Atualmente é professor titular da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, Membro de corpo editorial da Nexi e Membro de corpo editorial da Algazarra. Tem experiência na área de Comunicação, atuando principalmente nos seguintes temas: Corpo, Formalismo, Barroco, Mestiçagem, Radicalidade

Link CNPq: http://lattes.cnpq.br/2538254772905885

 

 

 

 

 

 


CASA FURADA

CASA FURADA

      Rodrigo Gontijo e Simon Fernandes

Instalação Sonora, 2017

A instalação CASA FURADA de Rodrigo Gontijo e Simon Fernandes é inspirada na terceira catástrofe, conceito proposto pelo filósofo Vilem Flusser. Para Flusser, o ser humano é o resultado de catástrofes do mundo e da natureza, que são divididas em três grandes catástrofes: a hominização, a civilização e a terceira catástrofe ainda sem nome. A primeira catástrofe foi a queda das árvores. O hominídeo foi obrigado a descer para o lugar que ele temia, o chão, o habitat dos seus maiores inimigos: insetos, répteis, anfíbios e os outros animais. No chão, ele aprende a caminhar, tornando-se nômade, um sujeito que andava sem descanso, em busca de alimentos. Depois de milhares de anos de nomândismo, o ser humano sofre a segunda catástrofe, chamada civilização. Com o assentamento em cidades, aldeias e casas fixas, o ser humano começa a acumular objetos, bens e posses. A segunda catástrofe permitiu que o espírito do andarilho fosse domesticado. As paredes das casas habitadas por ele protegiam-no do frio, da chuva e do ataque de animais. No presente momento acontece uma terceira catástrofe, ainda sem nome, que é aquela que ocorre quando as paredes das casas que nos protegiam das ameaças são perfuradas e invadidas pelos ventos da informação.

O lugar onde acreditávamos estar protegidos, encontra-se perfurado, conectando-nos com o mundo, através das tomadas. Ao plugar nossos dispositivos eletrônicos e digitais somos bombardeados por uma quantidade enorme de informações que nos sufoca, nos ocupa e nos preocupa, nos deixa ansiosos, transformando nossos corpos e nossas relações pessoais e sociais. Vivemos um período de uma obesidade anêmica, ou seja, um excesso que produz um esvaziamento.

O trabalho foi originalmente concebido para a exposição “Flusser e as Dores do Espaço” que aconteceu em 2017 no SESC Ipiranga e agora será remontado na Casa Galeria.

SOBRE OS ARTISTAS

A parceria entre Rodrigo Gontijo e Simon Fernandes aconteceu quando eles realizaram no mesmo ano de 2017, as instalações FUTU MANU (Rodrigo Gontijo) e CONCERTO FECHADO PARA QUATRO VOZES (Simon Fernandes). Estes trabalhos incorporam elementos sonoros e visuais que lidam com construções poéticas à partir de inflexões do real. Tais elementos reaparecem e ganham novos contornos na CASA FURADA.

Junto com CASA FURADA, FUTU MANU e CONCERTO FECHADO PARA QUATRO VOZES também serão apresentados na Casa Galeria.

MINI-BIO

Rodrigo Gontijo é artista, pesquisador e professor no Centro Universitário SENAC. Desenvolve projetos de cinema ao vivo, instalações e documentários. Já recebeu o prêmio APCA (2005 e 2008) e Melhor Documentário no Festival de Gramado (2005).

http://www.rodrigogontijo.com

Simon Fernandes é artista visual, membro da Da Haus, atualmente desenvolve instalações de múltiplas linguagens a partir da exploração de sonoridades, do uso poético dos materiais, bem como de ferramentas digitais.

TRABALHOS APRESENTADOS NA CASA GALERIA

CASA FURADA (Rodrigo Gontijo e Simon Fernandes, 2017)

Instalação com 1.000 tomadas e 200 dispositivos sonoros com sons captados pela cidade produzindo um excesso de informações.

FUTU MANU (Rodrigo Gontijo, 2017)

Futu Manu parte do material bruto do documentário “O Escasso Ar de uma Ilha” (Rodrigo Gontijo, 2005), onde as imagens da catarse da briga de galos, jogo popular timorense, tornam-se metáfora da violência vivida ao longo dos 25 anos de ocupação pela Indonésia em Timor-Leste. Quadro de penas, depoimentos em áudio, fotos e vídeo compõe a instalação.

 CONCERTO FECHADO PARA QUATRO VOZES (Simon Fernandes, 2017)

O projeto consiste em usar registros sonoros de vozes captadas na cidade em transportes públicos, manifestação e conversas corriqueiras. E por meio de um mecanismo formado por alto falantes de contato, motores de vibracall e circuitos, transferir essas oscilações a pequenos objetos de diferentes materiais, compondo assim uma instalação de sonoridade sutil. Cada um desses materiais reagirá de forma diferente aos impulsos sonoros e ao espaço, as barras de chumbo vergam com a ação da gravidade e abafam o som, o aço galvanizado amplifica o efeito da vibração, a folha de ouro ondula.

EXÍLIOS (Rodrigo Gontijo, 2016–2018)

Deslocamentos, derivas, devires. Série de 27 fotografias em preto e branco que apontam para a ausência humana, propondo rotas de fuga para um possível exílio, um local de escape que permite libertar-se das perseguições externas e/ou internas metaforizadas por sensações de solidão, isolamento, incomunicabilidade.

 

 

 


Convite Exposição PAISAGENS VELADAS


PAISAGENS VELADAS

               A artista Visual , Eliane Gallo apresenta exposição individual na CasaGaleria e oficina de arte Loly Demercian, em São Paulo – SP. Situada no coração da Vila Madalena, Rua Fradique Coutinho, 1216, A exposição Paisagens Veladas. Abertura no dia 11 de novembro às 17 horas

             Em sua produção, Eliane Gallo investiga um tema relevante à história da arte: a paisagem. Consagrado pelos pintores holandeses no século XVI, o gênero passou por inúmeras transformações e é a partir desse contexto de renovação da paisagem que a artista concebe suas pinturas e escultura, segundo Georg Simmel ressalta como advento da noção de paisagem associa-se à emergencia de um certo olhar, de uma percepção diferenciada em relação a sua totalidade , a atmosfera de uma paisagem diz respeito à apreensão de algo que não está completamente isolado daquele que a percebe , e nem completamente no interior deste, como se fosse mera projeção de uma experiência interna, de uma história pessoal.

               Merleau-Ponty observa: que é preciso que nos habituemos a pensar que todo visível é moldado no sensível, todo ser tátil está voltado de alguma maneira à visibilidade, havendo assim imbricação e cruzamento, não apenas entre o que é tocado e quem toca, mas também entre o tangível e o visível que está incrustado.

Figura 1- Paisagens veladas
Autor: Eliane Gallo, 2017
Técnica: Encáustica

Intitulada “Paisagens Veladas”, a mostra, que inaugura no dia 11 de novembro, reúne obras produzidas entre 2016 e 2017. Nos trabalhos (Fig. 1 a 4), é possível identificar elementos figurativos que são sobrepostos por várias camadas de cera de abelha, numa espécie de “veladura”, como define a artista: “a pintura encáustica é uma técnica milenar que reúne cera de abelha, pigmentos e fogo possibilitando vários desdobramentos de sentidos. Nas minhas obras, há várias paisagens dentro de uma só. São paisagens encobertas que são reveladas pouco a pouco desafiando o olhar do observador.

Figura 2- Paisagens veladas 2
Autor: Eliane Gallo, 2017
Técnica: Encáustica

Figura 3- Paisagens veladas 3
Autor: Eliane Gallo, 2017
Técnica: Encáustica

O termo “velado” significa aquilo que está coberto com véu ou o que pode ser encoberto por algo; tapado ou escondido. A produção da artista exige que o público tenha um olhar ativo para descobrir sob as manchas de cera as fotografias autorais quase abstratas. A ideia, diz a artista, foi compor uma “paisagem externa”, ou seja, construir espacialmente com elementos pictóricos e coisas[2] da natureza. Para a sua observação os observadores devem se colocar de frente e a uma certa distância.

A particularidade do processo de criação da artista foi transformar as suas fotografias autorais em imagens parcialmente ou totalmente cobertas por várias camadas de encáustica para instigar o observador na descoberta das paisagens veladas. Esse universo particular e abstrato foi criado no intuito de prender os olhares por mais tempo defronte a essas paisagens construídas/desconstruídas. A ação proposital da artista revela a sua intenção de nos remeter a lembranças de um mundo repleto de memórias de “coisas” que se modificam o tempo todo ao nosso redor. Trazer à memória uma conexão com o mundo natural, pois vivemos numa sociedade que caminha para a perda do vínculo com a natureza. A imersão tecnológica tem nos retirado do convívio das pessoas e do meio ambiente. As obras não pretendem replicar ou estabelecer esses vínculos com as paisagens, mas torná-las visíveis trazendo à tona apenas algumas partes de suas formas reveladas na tentativa de se ver mais longe do óbvio.

Figura 4- Paisagens veladas 4
Autor: Eliane Gallo, 2017
Técnica: Encáustica

Nas esculturas revelam-se pedaços de madeira que foram descartados e tiveram uma nova leitura com o uso da encaústica e aço. A motivação da artista para essas peças foi estabelecer a relação essencial entre materiais e as forças da natureza. Trazendo ao olhar as possibilidades das transformações do material e dar forma às coisas do mundo.

[1] Artista nascida em 1971, Eliane Gallo é formada em Arquitetura pela PUC – Campinas e tem Doutorado em Artes Visuais (UNICAMP). Já obteve premiações e participou de várias exposições coletivas e individuais. Trabalha e vive em Amparo -SP.

[2] O termo adotado coisa “ é um acontecer, ou melhor, um lugar onde vários aconteceres se entrelaçam”, baseado no conceito definido por Tim Ingold (2012, p. 29).

REFERÊNCIAS

INGOLD, Tim. Trazendo as coisas de volta à vida: emaranhados criativos num mundo de materiais. Horiz. antropol.,  Porto Alegre ,  v. 18, n. 37, p. 25-44,  June  2012 .   Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-71832012000100002&lng=en&nrm=iso>. access on  16  Oct.  2017.  http://dx.doi.org/10.1590/S0104-71832012000100002.

Ponty, Merleau. O visivel e o invisivel. São Paulo:Perpectiva,1984.p131

Exposição Catálogo de Algumas Coisas

Esta exposição Juan Reos experimenta as possibilidades e os limites entre a presença e a quase ausência das obras. Uma amostra com 50 pinturas que é à primeira vista é quase imperceptível, uma obra que em vez de se mostrar e estar presente tenta jogar com o seu desaparecimento.

Num momento em que a tendência é tornar as obras cada vez maiores, visíveis, caras e lúdicas, este projeto é pequeno, quase invisível, barato e gera um grande esforço para o espectador apreciar as imagens (a amostra não será acompanhada com lupa).

Se, por um lado, as obras são “tímidas”, tentam passar despercebidas e gerar um grande esforço visual para o espectador. Por outro lado, fazendo parte de um catálogo, com seus títulos e legendas excêntricas e herméticas, as obras podem parecer exageradas e solenes.

O tom humorístico está presente no nome da amostra. Um nome absurdo, porque propõe um catálogo completamente inespecífico e incompleto: um catálogo de algumas coisas.