EXPOSIÇÃO/ARTISTA: O CURADOR DE ARTE COMO MEDIADOR

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A relevância da pesquisa repousa no aspecto da demarcação da área de atuação do pesquisador e do caráter do seu objeto de estudo, no caso, o curador de arte, e os critérios de construção de uma exposição de arte.

Sabe-se que o curador de arte tem a característica de mediador e esse é uma atividade central na cultura contemporânea.

Nesse sentido, o curador pode propor através da mediação, não só a orientação do artista plástico, como também a educação do olhar, descortinando uma efetiva interpretação de mundo.

E como vivemos num mundo digital, não podemos descartar que as técnicas digitais produzem cultura. No presente trabalho propõe-se um estudo de caso. Na hipótese específica, o artista e seus procedimentos de construção poética e a atuação do curador nesse mundo digital. Baseado sobretudo em uma necessidade de comunicação digital, das mídias digitais, tão presentes em nossos dias.

Nesse cenário, o curador se afirma uma postura autoral, mas o grande protagonista desta expansão é o artista.

A pesquisa foi dividida em três tópicos: o primeiro deles contém um breve escorço o conceito de curadoria; no segundo capitulo, a análise do artista e sua trajetória na construção do processo poético; no terceiro capítulo, a estratégia do curador para a montagem da exposição e texto crítico

1. CURADORIA E SUA FUNÇÃO NA CONTEMPORANEIDADE

A origem da palavra ‘curador’ vem do latim curator, que significa aquele que tem uma administração a seu cuidado, designando o tutor, a pessoa que cuida, o encarregado de zelar. Empregada mais comumente nas artes visuais, a curadoria do ponto de vista institucional designa, de modo genérico, o processo de organização e montagem da exposição pública de um conjunto de obras de um artista ou conjunto de artistas. Mas esta definição já não acolhe, com propriedade, a atuação do curador como mediador cultural na atualidade.

Na década de 70, mais precisamente com Walter Zanini (1925-2013), a curadoria tem uma nova ênfase. Historiador da arte, professor universitário, crítico e curador foi o responsável pela estruturação do recém-criado Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC USP). Na direção do Museu entre 1963 e 1978 realizou exposições e pesquisas com ênfase em artistas modernos brasileiros e com a participação direta e constante de artistas, transformou o Museu num território livre e experimental em plena ditadura militar. Desenvolveu atividades envolvendo cinema, música, arquitetura e vídeo, pensando sempre o museu como um espaço dialógico multimídia.

Nos anos iniciais do MAC USP, as ações de Zanini são estruturantes: realiza a conservação, a Princípios como solidariedade, cooperação e coletividade são operantes e decisivos na construção desse ‘MAC do Zanini’, como é conhecido o MAC USP naqueles anos. Em 1972 com Acontecimentos, Ambiente de Confrontação e VI Jovem Arte Contemporânea o conceito de exposição é completamente subvertido. O museu como explica Zanini “deixa de entrar em cena depois da obra e é concomitante a ela”. Com a presença de artistas o MAC USP efetiva-se como um laboratório de criação. Hoje ele é reconhecido como um curador-construtor Walter Zanini um legado tão exemplar para o presente quanto para o futuro.

Desde de então, a curadoria ocupa uma posição central no sistema da arte, em permanente negociação com outras formas de mediação cultural, sejam educativas, de gestão cultural e também as de gestão patrimônio/coleções.

A curadoria deve ser especializada, digo especialidade porque o curador tem que ter um conhecimento de História da arte, estética da arte, filosofia da arte, gestão de projeto, tendências de mercado e do sistema contemporâneo de arte e uma visão crítica e ética para a implementação de projetos transdisciplinar. Tudo isso serve para atender às obras em seu valor intrínseco, encadeá-las segundo hipóteses interpretativas e também considera-las enquanto objeto espacial, seja nas mostras artísticas ou não. Vê-las diretamente é básico para propor curadores reais. E esses curadores reais, devem apresentar uma postura de acompanhamento de artistas em suas produções artísticas, assim como conhecer seus ateliês, e ver de perto o percurso de criação.[1

2. O ARTISTA E SUA TAJETÓRIA PARA UMA EXPOSIÇÃO

“Discutir arte sob o ponto de vista de seu movimento criador é acreditar que a obra consiste em uma cadeia infinita de agregação de idéias, isto é, em uma serie infinita de aproximações para atingi-la “(Calvino, 1990)

Com afirma Peirce, o fenômeno é tudo aquilo que aparece na mente, corresponde a algo real ou não, no nível geral, corresponde ao acaso.

Seguindo esse roteiro Alex Orsetti inicia sua pesquisa em 2011, numa rua de São Paulo, em Campos Elísios a partir do seu ateliê ali instalado. O relato que se segue é importante para que se tenha uma noção do caminho percorrido para a elaboração dos trabalhos artísticos e da própria exposição.

Ele cruzou a Avenida São João com algumas folhas de papel e lápis pastel seco dentro da pasta, com a finalidade de retratar aquela região.

Parou na avenida Higienópolis confluência com a rua Dr. Albuquerque Lins. Nesta esquina o que o intrigou foi uma árvore inclinada com um tronco que mais parecia três corpos de mulheres se abraçando. Sentou-se do outro lado da rua e começou a desenhar. Havia um grande movimento de carros subindo a rua, mas o que mais o incomodava era o tempo dos faróis de trânsito na Rua Albuquerque Lins, que se mantinha fechado por longo tempo e aberto por pouco tempo. Conclusão: ele tinha de esperar os carros passarem para desenhar. Alex Orsetti só pensava como seria ótimo se os carros parassem de passar por algum tempo para que ele pudesse finalizar seu trabalho. Depois desse pensamento fugidio, ele percebeu uma redução drástica da movimentação de veículos. Ouviu um estrondo, virou a cabeça para a direita e verificou que uma grande árvore que acabara de cair sobre um carro, fechando a rua uns 50 metros para baixo. Mesmo diante do inusitado acontecimento, ele só pensava em terminar o seu desenho, e assim o fez. Encerrado esse trabalho, desceu a rua e começou a desenhar o acidente. Por sorte o carro estava estacionado e não havia ninguém dentro. Os bombeiros foram chamados e logo chegaram. Enquanto cortavam os troncos, Alex se lançou para novos esboços e ouviu alguns comentários sobre ele, dos curiosos que acompanhavam o trabalho dos bombeiros. Dentre eles o de uma mulher que ao perceber que ele estava sentado desenhando, esticou o pescoço, deu uma olhada, virou-se para alguém ao seu lado e disse: – Aquele ali ó…só no registro!

E a partir desses registros novos esboços foram feitos e surgiram trabalhos a óleo da arquitetura de São Paulo. O movimento, a vida na Capital Paulista, suas histórias, suas formas, suas cores, sua presença.

3. ESTRATÉGIA DO CURADOR PARA A MONTAGEM DA EXPOSIÇÃO E TEXTO CRITICO

 

O poeta – o contemporâneo – deve manter fixo o olhar no seu tempo. Mas o que vê quem vê o seu tempo, o sorriso demente do seu século? Neste ponto gostaria de lhes propor uma segunda definição da contemporaneidade: contemporâneo é aquele que mantêm fixo o olhar no seu tempo, para nele perceber não as luzes, mas o escuro. Todos os tempos são, para quem deles experimenta contemporaneidade, obscuros. Contemporâneo é, justamente, aquele que sabe ver essa obscuridade, que é capaz de escrever mergulhando a pena nas trevas do presente. Mas o que significa “ver as trevas”, “perceber o escuro”? (AGAMBEN, 2009: p.62-63).

3.1. CULTURA E ESTÉTICA CONTEMPORANEA

Antes de tudo, é importante abordar o conceito de cultura contemporânea e a estética contemporânea, suas possibilidades de uma perspectiva de um processo curatorial.

A palavra “cultura”, segundo HANNAH ARENDT, é de origem romana. Vem de colere – cultivar, habitar, tomar conta, criar e preservar – e se relaciona essencialmente com o trato dado pelo homem à natureza, no sentido do tamanho e do tipo de habitação humana.

Foi Cícero[2] quem primeiro usou a palavra, para questões do espírito e da alma. Como metáfora, estendeu-se ao cultivo das faculdades mentais e espirituais. Até o século XVIII, cultura designava uma atividade, era cultura de alguma coisa.

reflete a idéia de cultivar e revolver a terra, tendo seu significado evoluído, mais adiante, para habitar e cuidar da natureza em cultivo. É, portanto, a ação humana sobre os frutos de sua natureza. Essa idéia permaneceu ao longo da evolução histórica dos processos de ordenação técnica dos frutos intelectuais gerados pelo homem até a cibercultura contemporânea.

A cibercultura, nesse sentido, é a evolução da própria cultura (semear – desenvolver – mudar – mediar).

Para se entender o significado da cibercultura, é necessário, antes, entender as transformações sociais complexas, a fim de delinear o lugar ocupado pela (cyber) cultura na sociedade.

Com o advento da cultura de massas,[3] a partir da explosão dos meios de reprodução técnico-industriais (jornal, revista, fotografia, cinema etc), seguida da onipresença dos meios eletrônicos de difusão (especialmente rádio e televisão), produziu-se um impacto até hoje significativo na tradicional divisão da cultura erudita, culta, de um lado, e da cultura popular, de outro. Essas dificuldades atingiram seu ápice nos anos 80, com o surgimento de novas formas de consumo cultural propiciadas pelas tecnologias do disponível e do descartável: a fotocopiadora, o videocassete, o videoclipe, o videojogo, o controle remoto, o CD e a TV a cabo, todas tecnologias para demandas simbólicas, heterogêneas, fugazes e mais personalizadas.

Segundo SANTAELLA:

A cultura midiática propicia a circulação mais fluida e as articulações mais complexas dos níveis, gêneros, e formas de cultura, produzindo o cruzamento de suas identidades. Inseparável do crescimento acelerado das tecnologias comunicacionais, a cultura midiática é responsável pela ampliação dos mercados culturais e pela expansão e criação de novos hábitos no consumo de cultura (2010: p.59).

 

Em meados dos anos 1990, esse cenário começou a conviver com outra revolução: a revolução digital, que teve sua gênese nos anos 1960, na Inglaterra e nos Estados Unidos, com os primeiros computadores. Eram grandes máquinas de calcular reservadas ao uso militar.

A informática servia aos cálculos científicos, às estatísticas do Estado e das grandes empresas ou às tarefas pesadas de gerenciamento, tais como a elaboração de folhas de pagamento (LÉVY, 2010: p.31).

Foi, no entanto, o movimento social nascido na Califórnia, nos anos 1960, chamado Hacker, na efervescência da contracultura[4], que se apossou das novas possibilidades técnicas e inventou o computador pessoal. A contracultura teve grande participação na formação da cibercultura porque ela está na origem da construção da própria internet.

Com a chegada dos computadores de mesa, na década de 1980, perdeu-se a idéia de que os computadores representavam status exclusivo dos setores industriais, iniciando-se a difusão com as telecomunicações, a editoração, o cinema e a televisão. A digitalização penetrou , em um primeiro momento, na produção e gravação de músicas, mas os microprocessadores e as memórias digitais tendiam a tornar-se a infraestrutura de produção de todo o domínio da comunicação (LÉVY, 2010: p.32).

Na década de 1990, um novo movimento sócio-cultural originado pelos jovens profissionais americanos das grandes metrópoles tomou rapidamente uma dimensão mundial.

Sem que nenhuma instância dirigisse esse processo, as diferentes redes de computadores que se formavam desde o final dos anos 70 se juntaram umas às outras, enquanto o número de pessoas e de computadores conectados à inter-rede começou a crescer de forma exponencial. Como no caso da invenção do computador pessoal, uma corrente cultural espontânea e imprevisível impôs um novo curso ao desenvolvimento tecno-econômico. As tecnologias digitais surgiram, então, como a infraestrutura do ciberespaço, novo espaço de comunicação, de sociabilidade, de organização e de transação, mas também como novo mercado da informação e do conhecimento (LEVY, 2010: p. 32).

Hoje o ciberespaço[5] sedimentou-se como nome genérico para designar um conjunto de tecnologias diferentes. Todas elas têm em comum a habilidade para simular ambientes dentro dos quais os homens podem interagir[6] (SANTAELLA, 2003: p.99).

Seguindo esse raciocínio, LÉVY afirma que:

[…]a interconexão e o dinamismo em tempo real das memórias on-line tornam possível, para os parceiros da comunicação, compartilhar o mesmo contexto, o mesmo imenso hipertexto vivo. Qualquer que seja a mensagem abordada, encontra-se conectada a outras mensagens, a comentários, a glosas em evolução constante, às pessoas que se interessam por elas, aos fóruns onde se debate sobre ela aqui e agora. Seja qual for o texto, ele é um fragmento talvez ignorado do hipertexto móvel que o envolve, o conecta a outros textos e serve como mediador ou meio para uma comunicação recíproca, interativa, interrompida. No regime clássico da escrita, o leitor encontra-se condenado a reatualizar o contexto a um alto custo. Virtualmente, todas as mensagens encontram-se mergulhadas em um banho comunicacional fervilhante de vida, incluindo as próprias pessoas, do qual o ciberespaço surge, progressivamente, como o coração (2003: p.120-121).

A cibercultura impõe uma certeza: ela se encontra no computador e está focada na informação e no conhecimento. Quando ligada às redes digitais, apresenta um expressivo incremento da sua abrangência no meio social e constitui, nas palavras de SANTAELLA (2010: p.103), uma imensa enciclopédia viva.

Ela está presente em nosso cotidiano e influencia modos e expressões. O prefixo ciber, nos processos tecnossociais de nosso tempo, está intimamente ligado à cibercultura, que, por sua vez, está vinculada à contemporaneidade do digital.

Alguns críticos acreditam que a arte tecnológica foi criada em 1970 pelos artistas plásticos Nam June Paik (sul-coreano) e Wolf Vostell (alemão), inventores da videoarte, pouco depois dos primeiros modelos portáteis de vídeotape terem surgido, em 1960. Outros, no entanto, defendem que o predecessor desta arte foi Marcel Duchamp, por não haver uma linearidade na arte contemporânea.

Seja como for, são artistas rompendo limites na pintura e na escultura ao incorporar a fotografia, o vídeo, a instalação e todos os seus híbridos[7], reinventando as modalidades artísticas. A forma e a velocidade com as quais este século criou um planeta eletrônico, conectado, refletem-se na rápida expansão de práticas artísticas.

Como ensina SANTAELLA (2010: p.152):

O artista pode dar a qualquer um desses meios datados uma versão contemporânea, mas cada fase da história tem seus próprios meios de produção da arte. Vem daí o outro desafio do artista, que é o de enfrentar a resistência ainda bruta dos materiais e meios do seu próprio tempo, para encontrar a linguagem que lhes é própria, reinaugurando as linguagens da arte.

3.2.ESTRATEGIAS DE EXPOSIÇÃO

Diante da cibercultura, as estratégias de exposição, o dispositivo do evento de estruturação – especialmente de arte contemporânea – estabeleceram os significados culturais da arte.

E como estamos no mundo das novas mídias, a informatização amplia a cultura e, principalmente, as mudanças continuas. O objeto dinâmico – que é a obra de arte em si – duplica o signo em outro objeto, através da percepção.

Nessa ordem de ideias, a exposição de que trata o presente trabalho foi concebida para haver um meio de diálogo e foi realizada também online. Os internautas podiam sugerir novos espaços para serem registrados. Para que fosse obtido esse resultado, a uma câmera filmadora registrava continuamente os trabalhos expostos e os visitantes. Numa tela interativa havia fotos dos trabalhos e o internauta teria de descobrir por meio das delas (as fotos) que local de São Paulo era aquele.

O processo educativo permitiu que o público pudesse se familiarizar com a arte contemporânea e a própria produção do artista de maneira interativa e valendo-se de instrumentos proporcionados pelas mídias digitais, compartilhando e construindo novas experiências estéticas, com isso fazendo sua próprias conexões e interações.

A curadoria nasceu sem nenhum planejamento, baseado sobretudo em uma necessidade do fazer. Não houve um plano de negócios, nenhuma estratégia, apenas o puro prazer da improvisação e da comunicação de massa, com um funcionamento de uma pequena estação de TV gratuita (a JUSTINTV). A exposição foi gravada ao vivo, com um chat permanente, permitindo críticas e sugestões aos trabalhos, com apoio do TWITTER, INSTAGRAM E FACEBOOK.

Partiu-se, dessa forma, do raciocínio de LÉVY para quem:

[…]a interconexão e o dinamismo em tempo real das memórias on-line tornam possível, para os parceiros da comunicação, compartilhar o mesmo contexto, o mesmo imenso hipertexto vivo. Qualquer que seja a mensagem abordada, encontra-se conectada a outras mensagens, a comentários, a glosas em evolução constante, às pessoas que se interessam por elas, aos fóruns onde se debate sobre ela aqui e agora. Seja qual for o texto, ele é um fragmento talvez ignorado do hipertexto móvel que o envolve, o conecta a outros textos e serve como mediador ou meio para uma comunicação recíproca, interativa, interrompida. No regime clássico da escrita, o leitor encontra-se condenado a reatualizar o contexto a um alto custo. Virtualmente, todas as mensagens encontram-se mergulhadas em um banho comunicacional fervilhante de vida, incluindo as próprias pessoas, do qual o ciberespaço surge, progressivamente, como o coração (2010: p.120-121).

 

Assim houve uma coautoria dos internautas para uma próxima criação artística, ou seja, uma exposição engajada, onde o espectador teve uma experiência virtual e uma postura ativa e engajada.

4. CONCLUSÃO

A exposição aconteceu no mês de abril de 2014, no Centro Histórico e Cultural Mackenzie.

A expectativa e ansiedade quanto ao processo proposto eram grandes. A arte possui um fundamental viés subjetivo, mas sugerir novas e expandidas possibilidades de mostrar e interagir com o trabalho plástico, ensina a desaprender os princípios das obviedades que são atribuídos aos objetos e às coisas.

Esse desafio pode contribuir para uma vida cultural ativa, com participação dos internautas. Foi positiva a experiência de participação do público local e virtual.

O acesso pela JUSTIN-TV em uma hora foi de 300 pessoas. O público local interagiu não só pela visitação, mas pelo instagram e twitter, dando idéias de novas pinturas e desenhos do artista para uma próxima intervenção na cidade, dando sequência ao processo proposto.

O acesso à arte contemporânea e aos novos artistas também poderá ser feito, não só ao local expositivo, como virtual, possibilitando às pessoas com dificuldades de locomoção de qualquer natureza (por exemplo, aquelas que sofrem com as dificuldades inerentes à mobilidade num grande centro urbano ou pessoas portadoras de necessidades especiais) e alunos em sala de aula, a possibilidade de interagir e compreender a arte contemporânea, sentindo o prazer da experiência estética e proporcionando uma efetiva fruição.

5. BIBLIOGRAFIA

 

AGAMBEN, Giorgio. Homo sacer: o poder soberano e a vida nua. Tradução de Henrique Burigo. Belo Horizonte: UFMG, 2004.

________. O que é o contemporâneo? E outros ensaios. Chapecó: Argos, 2008.

ARENDT, Hannah. Entre o passado e o futuro. São Paulo: Perspectiva, 1992.

  1. A condição Humana. Chicago: Chicago University Press, 1958.

ARGAN, G. Carlo. Arte Moderna. Trad. Denise Deottmann e Frederico Carotti. São Paulo: Companhia das Letras, 1982.

COELHO, Teixeira. Dicionário Crítico de Política Cultural. 3ª ed. São Paulo: Iluminuras, 2004.

LÉVY, Pierre. Cibercultura. Tradução de Carlos Irineu da Costa. 3a ed. São Paulo: 34, 2010.

PARENTE, André (organizador). Tramas da Rede: novas dimensões filosóficas, estéticas e politicas da comunicação. Porto Alegre: Ed.Sulina, 2013.

SALLES, Cecilia Almeida. Redes da Criação: Construção da Obra de arte (2ª ed). São Paulo, editora Horizonte, 2008.

______Gesto Inacabado (5ª ed.). Intermeios, São Paulo, 2011.

SANTAELLA, Lucia. Culturas e artes do pós,moderno: da cultura das mídias à cibercultura, 4 edicao, editora Paulus, São Paulo, 2003.

______Percepção, fenomenologia, ecologia, semiótica. :São Paulo: Cengage Learning, 2012.

______Matrizes da Linguagem e Pensamento, sonora, visual e verbal: aplicações na hipermídia. São Paulo: Iluminuras/Fapesp,2005

ANEXO I – TEXTO CRITICO. NOME DE EXPOSIÇÃO.

Texto critico: LOLY DEMERCIAN (Roseli C.M.R. Demercian)

Nome da exposição: RE-CRIAÇÃO 1#Formas/Cidade

ALEX ORSETTI

 

Numa espécie de “prognose póstuma”, Alex Orsetti buscou em seus arquivos a inspiração para a retomada e releitura de antigos trabalhos, tornando-os importantes referências históricas para o desenvolvimento de novas perspectivas visuais.

Nos esboços presentes em seu ateliê encontramos desenhos e gravuras em metal, que são técnicas estudadas com Evandro Carlos Jardim e no museu Lasar Segall.

Seus esboços são pouco nítidos e retratam as caminhadas que ele fez pela cidade: um verdadeiro andarilho do centro velho de São Paulo, observando, desenhando, conversando nos botecos, no metrô, no ônibus, sempre à procura de algo. Dessa forma, andando no desconhecido, ele mapeou ícones da grande Metrópole.

Num árduo trabalho, marcado também por profunda sensibilidade, ele utilizou a arquitetura de São Paulo como o fio condutor das suas variações de cor e luz de uma cidade pulsante.

Seus trabalhos: Começo, Contrastes, Sonho Urbano, Do Alto ouço Melhor, revelam memórias e registros feitos por Alex Orsetti nessas suas andanças.

Quando observamos atentamente as obras percebemos que suas ações sofrem intervenções do seu inconsciente, porque não é uma São Paulo cinza, estática, definível, e sim uma cidade vermelha, rosa, azul. Evidencia-se, dessa forma, um processo de mutação e de transformação que sofre os influxos das interferências climáticas, da reconstrução de mobilidades, da arquitetura e dos desgastes causados pela própria ação do tempo.

Essa recriação do olhar que Alex lançou em seu projeto artístico tem transformações múltiplas, feitas por meio de suas pinceladas, de leituras aéreas, com cores rebaixadas, tons de cinzas, amarelos queimados, azuis areados, bordôs, carmim, cobre, pêssego e uma gama de cores, como se estivesse, com muita maestria, pincelando São Paulo, propondo-nos uma nova e inusitada visão da Velha Capital.

Nessa exposição – “RE-CRIAÇÃO1# FORMAS/CIDADE” – Orsetti nos presenteia com esse processo artístico, alimentando nosso olhar com cores, formas, imperfeições, movimentos da arquitetura, além de dúvidas, perplexidades e inquietações. Ele carrega seu ateliê nas próprias costas, como se estivesse em todos os lugares e nos convidasse a visitar esses mesmos lugares. Com essa técnica, Alex Orsetti nos deixa penetrar em seus pensamentos e nos seus devaneios sobre a tradução e intelecção que faz de sua Cidade.

Loly Demercian

[1] Confira-se, sobre o tema, depoimento prestado por Gabriel Borba, do MAC/USP.

[2] Cícero diz explicitamente que a mente assemelha-se a um terreno que não pode ser produtivo sem cultivo adequado: “Cultura autem animi philosophia est” (Arendt, 1992: p.265)

[3] A cultura de massas começa a se transformar em uma cultura narcisista, marcada pela perda da individualidade, ao passo que a cultura narcisista começa a se desdobrar em uma cultura consumista (Coelho, 2004: p. 127).

[4] A contracultura foi um movimento social da década de 60, que pregava distribuir o poder e emancipar as pessoas pelo acesso às informações, tendo nos hackers a sua principal representação. A definição original de hacker era a de “um programador de computador talentoso que poderia resolver qualquer problema muito rapidamente, de modo inovador e utilizando meios não convencionais (SILVEIRA, 2010: p.33).

[5] A palavra “ciberespaço” foi inventada em 1984 por Willian Gibson, em seu romance de ficção cientifica Neuromancer. Nele, o termo designa o universo das redes digitais, palco de conflitos mundiais, nova fronteira econômica e cultural (LÉVY, 2010: p.94).

[6] A interface, do ponto de vista técnico, não precisa de um grande computador para acessar o conteúdo de bancos de dados, em geral. Basta ter um celular, um televisor avançado, um computador pessoal, um PDA etc. Contando que disponha do software de interface necessário e de uma taxa de transmissão adequada, tudo acontece como se estivesse consultando a memória de seu próprio computador (LÉVY, 2010: p.96).

[7] Híbridos significam linguagens e meios que se misturam. Na arte, significam misturas de matérias, suportes e meios disponíveis aos artistas. Tiveram início nas vanguardas estéticas do começo do século XX. Desde então, esses procedimentos foram gradativamente se acentuando, até atingir níveis tão intrincados, que, ao pulverizarem-se, colocou-se em questão o próprio conceito de artes plásticas. (SANTAELLA, 2003: p 135).

 

 

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