Exposição NONADA

Em NONADA, o artista Rodrigo Gontijo apresenta objetos, fotografias, instalação e vídeo desenvolvidos a partir de uma viagem pelo sertão mineiro que teve o livro “Grande Sertão: Veredas” de João Guimarães Rosa como um mapa afetivo.

“O neologismo nonada, criado por Guimarães Rosa no livro Grande Sertão: Veredas, pode ser entendido de duas formas, uma dupla negativa e uma referência de localização. Tomando a liberdade de estender a dicção roseana, supondo que a própria prática do autor de estender dicções seja uma autorização para isso, este segundo sentido ajuda a explicar a exposição de Rodrigo Gontijo com título Nonada. São duas salas com videoinstalações, impressões digitais e fotografias. O trânsito por diferentes linguagens dialoga com o trânsito pelo sertão que alimenta o imaginário da exposição.” Por Marcus Bastos – professor da PUC-SP

Casagaleria Convida: Exposição

A poética de Marcos Rodolfo Schmidt

Fui convidado por Marta Schmidt para visitar o acervo que abriga as obras do artista visual Marcos Rodolfo Schmidt, por ela mantido em Alfenas, cidade do sul de Minas Gerais.
A partir do desejo de Marta de reencaminhar a obra de seu irmão ao circuito de arte, elaborei um plano de trabalho que resultou em um primeiro dossiê, a partir do qual realizei um ensaio crítico e a curadoria desta exposição.
Foi a primeira vez que organizei um acervo sem a presença de seu respectivo artista, fato que exigiu uma leitura minuciosa de cada obra. Essa organização ocorreu sob uma perspectiva sincrônica, quando aproximações entre obras − produzidas em períodos distintos − passaram a formar campos de força, que não denotam um passado ou um futuro, mas um presente.
Marcos Rodolfo Schmidt nasceu em 18 de maio de 1943, no município de Santos (SP), e faleceu em São Paulo, em 29 de outubro de 2006.
Sua formação acadêmica, realizada integralmente na cidade de São Paulo, compreende a graduação em Educação Artística pela Faculdade de Belas Artes; os cursos de Desenho, Pintura e História da Arte pela Fundação Armando Alvares Penteado; e a graduação em Cinema pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo.
A obra de Marcos começa a ser exposta nos anos 1960, sob reverberações do Concretismo e do Neoconcretismo, movimentos brasileiros vinculados às tendências construtivas internacionais, e de produções que envolveram novos conceitos de figuração, expostas em importantes mostras como Opinião 65 e Nova Objetividade Brasileira.
Desde a sua participação no Salão Novos Valores, evento da X Bienal Internacional de Arte de São Paulo, um diálogo crítico com as questões postas pelas tendências construtivas foi estabelecido por Marcos Rodolfo Schmidt.
No percurso de Marcos, uma substantividade, norteadora de suas operações de cortes e dobras, encontra-se presente em obras dos anos 1960/1970. Os materiais escolhidos para essas operações – metal, feltro e papel − funcionam como 2 sujeitos do discurso, ou seja, as qualidades próprias de suas naturezas não são omitidas.
Essas operações de cortes e dobras foram atualizadas em obras cromáticas das décadas seguintes, a partir de sequências geométricas efetuadas sobre telas
superpostas, e da integração das qualidades de espaços arquitetônicos aos seus discursos.
Esta exposição representa um primeiro recorte da obra de Marcos Rodolfo Schmidt, a partir do qual é possível perceber sua dedicação às questões presentes nos desdobramentos das vertentes construtivas na contemporaneidade.
Ronaldo Auad Moreira